Visita do IPHAN
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Mapiá recebe equipe do projeto de tombamento da Ayahuasca
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ICEFLU
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Tivemos a grande satisfação de receber entre os dias 8,9 e 10 do junho, a visita do grupo do IPHAN- Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, pesquisadores e colaboradores do projeto ora em curso, que visa registrar o uso religioso da Ayahuasca/Santo Daime/Daime/Oasca como um bem cultural pertencente ao patrimônio imaterial do Brasil.
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O grupo era composto das seguintes pessoas:
- Deyvisson Gusmão, superintendente do IPHAN/AC;
- Flávia Burlamaqui, pesquisadora ligada a Barquinha ;
- Edward Macrae, antropólogo e antigo companheiro e amigo;
- José Roberto Barbosa e Mário Marques, diretores da empresa que está fazendo o levantamento prelimiar e Sérgio Polignamo, (fotografia e registro áudio visual), todos ligados a UDV- União do Vegetal.
A chegada do grupo sofreu algum atraso e foi necessário concentrar a grande agenda em muito pouco tempo. Mesmo assim, o programa foi cumprido e conseguimos dar um passo importante da nossa participação neste importante processo de legitimação do Daime/Ayahuasca no cenário cultural brasileiro.
Para quem não acompanhou desde o início, o pedido de transformar o uso religioso da ayahuasca num bem cultural a ser tombado pelo Estado começou em 2008 quando as entidades religiosas do Acre encaminharam o pedido ao então Ministro da Cultura, Gilberto Gil.
É bom frisar que , em novembro de 2007, portanto antes deste pedido do Acre, encaminhamos igual pedido através da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas mas o mesmo não teve continuidade (Leia a Carta ao Governador do Amazonas)
No início, apontamos em pronunciamento público (Leia a Carta ao Seminário de Políticas Públicas sobre a Ayahuasca em Rio Branco ), algumas lacunas no pedido original das entidades religiosas do Acre, entre elas a ausência dos grupos indígenas e a nossa própria exclusão no processo, como uma das quatro linhas estruturantes do movimento ayahuasqueiro em nosso país.
Num primeiro momento, a questão do tombamento ou registro, esteve atrelada a uma discussão conceitual sobre o chamado campo tradicional , em contraponto com um suposto campo eclético e os grupos neoayahuasqueiros mais recentes. Esta postura que poderia ser considerada um tanto hegemônica, gerava nas suas entrelinhas uma possível interpretação de que somente as entidades (auto) consideradas tradicionais e de “raiz,” tivessem a legitimidade de serem as proponentes, quiçá as beneficiárias deste processo.
Esta falta de comunicação inicial e os possíveis mal entendidos dela decorrentes foram quebrados a partir do convite do Sr. Marcus Vinícius, Secretário de Cultura Municipal, para que iniciássemos um diálogo, visando nossa participação no processo do registro. O que aliás, em nenhum momento deixamos de apoiar nem reconhecer seu mérito. Sobre nosso posicionamento nesta questão dos campos (tradicionais, ecléticos, etc), enviamos uma carta para o Encontro sobre Diversidade Ayahuasqueira, realizado em outubro do ano passado no Rio de Janeiro. (Confira a Carta ao Encontro de Diversidade Ayahuaqueira no Rio).
Portanto, a visita realizada na sede da nossa comunidade do Céu do Mapiá se constituiu na abertura de uma nova fase, nos alçando à condição de protagonistas do processo. Fizemos algumas visitas e entrevistas aos nossos anciãos e lideranças , visitamos diversos setores comunitários e também uma reunião na Santa Casa com os interessados no tema do tombamento.
Na reunião, Deyvisson, o superintendente do IPHAN/AC explicou que, no caso dos bens imateriais, o que se faz é um registro que coloca este bem sob a proteção do Estado. O pedido de tombamento foi considerado pertinente pelo Ministério da Cultura e o objetivo da visita do IPHAN e dos pesquisadores contratados seria o de fazer um levantamento preliminar da bibliografia e do acervo existente para definir o objeto a ser registrado em um dos livros de tombamento (lugares, saberes, celebrações, etc). Estão em estudo os rituais de bailado, os hinos e o feitio.
A noite, tivemos um trabalho de cura para fechar a visita. Todos foram unânimes em afirmar a sua excelente impressão da comunidade e a força que sentiram na história do padrinho Sebastião, que motivou a reunião de tanta gente, num local de tão difícil acesso. Sem dúvida uma realização notável, que `as vezes nós próprios se esquecemos ao lidar com nossos desafios do dia a dia. Mas que impressiona todos os nosso visitantes, a exemplo da delegação da PF, que nos visitou durante uma semana no ano passado.(Leia a matéia sobre an Visita da PF)
Além do trabalho técnico do inventário realizado, ficou claro também a importância do nosso trabalho espiritual, da amizade e do respeito que caracterizou o contato com nossos irmãos da UDV e da Barquinha. Sem dúvida fatores fundamentais para o bom êxito do nosso empreendimento de transformar nossa santa bebida num bem cultural do Brasil.
Alex Polari de Alverga
Membro do Conselho Superior Doutrinário
Assessor de comunicação e relações institucionais
ICEFLU
- Deyvisson Gusmão, superintendente do IPHAN/AC;
- Flávia Burlamaqui, pesquisadora ligada a Barquinha ;
- Edward Macrae, antropólogo e antigo companheiro e amigo;
- José Roberto Barbosa e Mário Marques, diretores da empresa que está fazendo o levantamento prelimiar e Sérgio Polignamo, (fotografia e registro áudio visual), todos ligados a UDV- União do Vegetal.
A chegada do grupo sofreu algum atraso e foi necessário concentrar a grande agenda em muito pouco tempo. Mesmo assim, o programa foi cumprido e conseguimos dar um passo importante da nossa participação neste importante processo de legitimação do Daime/Ayahuasca no cenário cultural brasileiro.
Para quem não acompanhou desde o início, o pedido de transformar o uso religioso da ayahuasca num bem cultural a ser tombado pelo Estado começou em 2008 quando as entidades religiosas do Acre encaminharam o pedido ao então Ministro da Cultura, Gilberto Gil.
É bom frisar que , em novembro de 2007, portanto antes deste pedido do Acre, encaminhamos igual pedido através da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas mas o mesmo não teve continuidade (Leia a Carta ao Governador do Amazonas)
No início, apontamos em pronunciamento público (Leia a Carta ao Seminário de Políticas Públicas sobre a Ayahuasca em Rio Branco ), algumas lacunas no pedido original das entidades religiosas do Acre, entre elas a ausência dos grupos indígenas e a nossa própria exclusão no processo, como uma das quatro linhas estruturantes do movimento ayahuasqueiro em nosso país.
Num primeiro momento, a questão do tombamento ou registro, esteve atrelada a uma discussão conceitual sobre o chamado campo tradicional , em contraponto com um suposto campo eclético e os grupos neoayahuasqueiros mais recentes. Esta postura que poderia ser considerada um tanto hegemônica, gerava nas suas entrelinhas uma possível interpretação de que somente as entidades (auto) consideradas tradicionais e de “raiz,” tivessem a legitimidade de serem as proponentes, quiçá as beneficiárias deste processo.
Esta falta de comunicação inicial e os possíveis mal entendidos dela decorrentes foram quebrados a partir do convite do Sr. Marcus Vinícius, Secretário de Cultura Municipal, para que iniciássemos um diálogo, visando nossa participação no processo do registro. O que aliás, em nenhum momento deixamos de apoiar nem reconhecer seu mérito. Sobre nosso posicionamento nesta questão dos campos (tradicionais, ecléticos, etc), enviamos uma carta para o Encontro sobre Diversidade Ayahuasqueira, realizado em outubro do ano passado no Rio de Janeiro. (Confira a Carta ao Encontro de Diversidade Ayahuaqueira no Rio).
Portanto, a visita realizada na sede da nossa comunidade do Céu do Mapiá se constituiu na abertura de uma nova fase, nos alçando à condição de protagonistas do processo. Fizemos algumas visitas e entrevistas aos nossos anciãos e lideranças , visitamos diversos setores comunitários e também uma reunião na Santa Casa com os interessados no tema do tombamento.
Na reunião, Deyvisson, o superintendente do IPHAN/AC explicou que, no caso dos bens imateriais, o que se faz é um registro que coloca este bem sob a proteção do Estado. O pedido de tombamento foi considerado pertinente pelo Ministério da Cultura e o objetivo da visita do IPHAN e dos pesquisadores contratados seria o de fazer um levantamento preliminar da bibliografia e do acervo existente para definir o objeto a ser registrado em um dos livros de tombamento (lugares, saberes, celebrações, etc). Estão em estudo os rituais de bailado, os hinos e o feitio.
A noite, tivemos um trabalho de cura para fechar a visita. Todos foram unânimes em afirmar a sua excelente impressão da comunidade e a força que sentiram na história do padrinho Sebastião, que motivou a reunião de tanta gente, num local de tão difícil acesso. Sem dúvida uma realização notável, que `as vezes nós próprios se esquecemos ao lidar com nossos desafios do dia a dia. Mas que impressiona todos os nosso visitantes, a exemplo da delegação da PF, que nos visitou durante uma semana no ano passado.(Leia a matéia sobre an Visita da PF)
Além do trabalho técnico do inventário realizado, ficou claro também a importância do nosso trabalho espiritual, da amizade e do respeito que caracterizou o contato com nossos irmãos da UDV e da Barquinha. Sem dúvida fatores fundamentais para o bom êxito do nosso empreendimento de transformar nossa santa bebida num bem cultural do Brasil.
Alex Polari de Alverga
Membro do Conselho Superior Doutrinário
Assessor de comunicação e relações institucionais
ICEFLU